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 “After livro I; Perspectivas acerca do texto
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After livro I



Li After porque, com o alvoroço que o filme causou, acabei por assistir, assim como muitas outras pessoas, e fiquei curiosa em saber se mais uma vez o meio cinematográfico tinha mexido tanto com o roteiro que nem reconheceria o livro, ou se, como em algumas raras vezes, o roteiro ao menos condizia com a história. 

A priori o roteiro se aproxima muito do livro, porém, o livro tem reviravoltas, não presentes no filme, mais que tendo como ponto principal a relação íntima dos protagonistas, vemos o desenrolar de um relacionamento, por vezes, tóxico.

Ao ser apresentada a uma moça boba, de cidade pequena, percebemos que assim como em outros livros, a autora quis se apropriar do rótulo: “menina que precisa ser salva”, para que tenhamos empatia e torçamos pra que ela encontre seu “príncipe encantado”. O livro tem uma história que se desenrola rapidamente; em um momento Tessa muda-se para sua nova “casa”, a universidade, onde seu futuro será brilhante, e minutos depois ela está com Hardin (par de Tessa). Até gosto disso nos livros de romance, acredito que nestes tipos de livros, o fato dos acontecimentos serem rápidos, faz com que se tenha mais conteúdo, o que provoca no leitor a sensação de desejar chegar ao próximo capítulo rapidamente, até que o livro acaba e você já devorou 500 páginas.  

A princípio Hardin é ríspido, duro, diria até mesmo inseguro, o que o leva a tratar as pessoas a sua volta como se elas fossem o abandonar, concordo que ao longo do percurso de nossa caminhada, pessoas realmente entrarão e sairão das nossas vidas, mas isso não nos dá o direito de acreditar que a melhor forma de auto cuidado é maltratando o outro, o que aliás, Hardin faz ao longo de todo o livro, com todos a sua volta, inclusive Tessa, que chama isso de “gato e rato”, mas eu chamo de falta de responsabilidade emocional para com o outro, principalmente aquela pessoa que ele diz que ama, e, falta de amor próprio da parte de Tessa. 

No decorrer do livro, Tessa muda suas roupas, seu universo particular onde se sentia protegida, mais que isso, ela se sente insegura, a menina que antes tinha seu futuro traçado, duvidava do que ela realmente queria.  Quando li essa parte, me peguei questionando se ela mudou por si, ou porque acreditava que isso a faria se sentir mais parte do mundo que agora ela vivia, o mundo de seu “amor”, me peguei, inclusive, pensando em questões pessoais como: “o quanto eu queria ser magra na adolescência porque eu era sobrepeso, e as meninas da minha idade eram magérrimas, o que descobri depois, as levava aos distúrbios alimentares. O quanto queria beber aos 16 anos porque ‘todo mundo’ bebia, porém a maioria dos meus amigos largou a escola. E no quanto eu queria ser igual a todo mundo porque acreditava que aquelas pessoas estariam na minha vida pra sempre”, e me perguntei: “o que de errado havia na vida de Tessa pra que ela se questionasse tanto sobre se cabia no mundo de Hardin ou não?” mais que isso, “porque achamos que temos que mudar por aqueles que acreditamos que nos amam?”, e quando digo mudar, digo, mudar nossa essência, quem somos no íntimo. 

Vendo o relacionamento de Tessa e Hardin, percebi que mesmo quem nos ama, pode nos magoar ao ponto de quebrarmos a nós mesmos, aprendi que nem todo eu te amo, vem disposto a nos apoiar, e seguir ao nosso lado. Absorvi que, mais que os capítulos de descrição sobre o relacionamento íntimo deles, o fato de o livro ser para o público adulto, me fez entender que uma jovem em formação, ou mesmo um jovem, corre o risco de entender que, o relacionamento dos dois é saudável para os parâmetros da sociedade patriarcal. Infelizmente somos moldados a crer que o amor machuca, o que não é verdade quando você entende que o amor contempla, aglomera e divide o que nos faz bem. 

Entretanto, tiro grandes lições do livro; assim como a protagonista, por diversas vezes em minha vida, me peguei questionando se eu era boa ou não pra alguém, me questionei se eu tinha feito errado ao decidir escolher o melhor pra mim e ver os olhos de outras pessoas me fuzilarem, ou vê-las se afastando de mim, apenas porque eu não era boa pra elas, a verdade é que, eu parava de ser “boa pra elas” quando eu era pra mim, aprendi com os anos que, não só relacionamentos românticos, mas os de amizade, também podem e são abusivos algumas vezes, e precisamos filtrar quem sai e quem entra na nossa vida. 

Indico a leitura do livro, porque imaginei, ao ler, a quantidade de pessoas que passam por isso todos os dias, porque acreditam que "nós aceitamos o amor que acreditamos merecer” (Citação do livro “as vantagens de ser invisível”), e infelizmente somos movidos a acreditar que merecemos pouco, e indico finalmente porque, desejo que ao ler o livro, ao ver a história de fora, ao percorrer o mesmo caminho que percorri, entenda-se que, as vezes, temos alguém do nosso lado que infelizmente não deveria estar, e cabe a nós nos afastar do que nos faz infeliz, e sim, entender finalmente que só precisamos de nós mesmos para nos manter de pé, e claro que as pessoas em nossa jornada são importantes, porém nós somos nosso próprio universo.



Texto criado por: Raquel Tavares, baseado na leitura do livro.


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